Nicarágua proíbe turistas de entrarem com Bíblia no país, denuncia organização
- Segunda-Feira, 15 Dezembro 2025
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Turistas não podem mais entrar na Nicarágua com Bíblia em sua bagagem, conforme uma denúncia da Christian Solidarity Worldwide (CSW), organização que defende a liberdade religiosa.A Bíblia faz parte de uma longa lista de itens proibidos na fronteira, que inclui jornais, revistas, livros, drones, câmeras, alimentos perecíveis e objetos cortantes. Um representante da empresa de transporte “Tica Bus”, que faz viagens entre países da região, confirmou ao CSW que os passageiros que saem de El Salvador não podem levar "Bíblias, jornais, revistas, livros de qualquer tipo, drones e câmeras".Um outro representante da empresa em Honduras relatou que as restrições entraram em vigor há mais de seis meses.A diretora de advocacia da CSW, Anna Lee Stangl, repudiou a nova regra do regime de Ortega.“Os esforços do governo nicaraguense para restringir a entrada de Bíblias, outros livros, jornais e revistas no país são altamente preocupantes, dado o atual contexto de repressão”, declarou ela.“Pedimos ao governo da Nicarágua que bane imediatamente essa proibição e cesse seus esforços contínuos para sufocar a liberdade religiosa e de expressão no país. Também reiteramos nosso apelo à comunidade internacional para buscar formas criativas de apoiar e fortalecer as vozes independentes nicaraguenses tanto dentro do país quanto no exílio”, acrescentou.Repressão à liberdade religiosaA proibição acontece em meio ao aumento da repressão à liberdade religiosa e às liberdades civis no país.Mais de 1.300 organizações religiosas foram fechadas, igrejas enfrentaram vigilância e cancelamento de eventos públicos e líderes cristãos foram detidos. Procissões religiosas nas ruas foram proibidas, a menos que sejam organizadas por grupos alinhados ao governo.Mais de 256 igrejas evangélicas foram fechadas pelo governo nos últimos quatro anos, segundo a organização de direitos humanos Nicarágua Nunca Más.Pelo menos 200 líderes religiosos fugiram do país. Mais de 20 foram foram destituídos de sua cidadania e 65 foram indiciados por conspiração e outras acusações.A Nicarágua enfrenta uma crise política, social e de liberdades que se agravou após as polêmicas eleições gerais realizadas em 7 de novembro de 2021, quando Daniel Ortega foi reeleito para um quinto mandato.Desde os protestos contra o regime ditatorial em 2018, os cristãos se tornaram alvos de repressão e restrições em sua liberdade religiosa.A Portas Abertas relatou que a comunidade cristã nicaraguense tem se oposto ao regime de Ortega há anos, com líderes cristãos criticando a repressão violenta de manifestantes e as restrições à liberdade de expressão.Governo de Daniel Ortega tem suprimido a democraciaUm relatório da ONU condenou a perseguição religiosa na Nicarágua. O documento, divulgado neste ano, afirmou que o governo de Daniel Ortega tem suprimido a democracia e as liberdades individuais, e reprimido igrejas e líderes.Uma das especialistas do relatório, Ariela Peralta, declarou que o regime está literalmente "em guerra com seu próprio povo".Ortega rejeitou o documento, alegando que as informações são falsas e que organizações internacionais, incluindo a ONU e a Organização dos Estados Americanos, estão realizando uma campanha de difamação contra ele.O regime de Daniel Ortega tem se tornado cada vez mais autoritário, com a nomeação de sua esposa, Rosario Murillo, como vice-presidente e colocando os poderes legislativo e judiciário sob seu controle.A Nicarágua ocupa a 30ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025, que classifica os 50 países em que os cristãos são mais perseguidos.







